O turismo de eventos tem se consolidado como uma das principais apostas para impulsionar a economia do Rio Grande do Norte, graças ao grande potencial de expansão que o estado apresenta nessa área, segundo especialistas do setor. Em 2024, esse segmento movimentou quase R$ 1 bilhão apenas na capital, Natal, gerando mais de R$ 25 milhões em ISS e cerca de R$ 82 milhões em ICMS, conforme dados da Emprotur, responsável pela administração do Centro de Convenções de Natal (CCN).

O potencial do chamado turismo MICE — sigla em inglês para Meetings, Incentives, Conferences and Exhibitions (Encontros, Incentivos, Conferências e Exibições) — foi o tema central da 44ª edição do projeto Motores do Desenvolvimento. O evento foi realizado nesta quarta-feira (30) pelo Sistema Tribuna, em parceria com a Fecomércio-RN, o Natal Convention Bureau (NCB), a Prefeitura do Natal (via Setur) e o Governo do Estado (por meio da Emprotur).

O evento foi realizado no Hotel Senac Barreira Roxa, na Via Costeira. Durante a abertura, Fernando Fernandes, superintendente do Sistema Tribuna, destacou a importância do turismo de eventos para o estado e disse esperar que a capital se torne um grande destino neste segmento em breve. “A ideia aqui é mostrar que nós temos um potencial muito grande de explorar esse tipo de turismo. Em um futuro muito próximo, esperamos catapultar Natal como um grande destino do turismo de eventos”, afirmou.

Especialistas discutem importância da PPP do Centro de Convenções para a economia do RN | Foto: Alex Régis

Fernandes destacou a necessidade de concessão do CCN à iniciativa privada para permitir o crescimento do setor. O Governo do Estado deu início, há cerca de uma semana, a um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) para a adoção do de uma parceria público-privada (PPP) no Centro de Convenções. O PMI é um estudo de viabilidade empregado pelo Poder Público para que a iniciativa privada apresente análise de exequibilidade de projetos. “O Centro de Convenções de Florianópolis vai ser relicitado e já conta com oito grupos internacionais interessados e uma necessidade de investimentos acima de R$ 1,5 bilhão. Do mesmo modo, o nosso Centro é um potencial que está dormindo e o papel da TN é mostrar que é preciso acordar”, pontuou o superintendente.

Marcelo Queiroz, presidente da Fecomércio-RN, frisou que o segmento deve ser o “motor do desenvolvimento do estado”, uma vez que impacta uma ampla cadeia. “É um turismo que gera emprego e renda na cidade. A PPP do Centro de Convenções vai permitir mais agilidade e facilidade de captar eventos, ao mesmo tempo em que se criam novos espaços, que são uma dificuldade hoje. Temos uma ótima rede hoteleira, mas a questão dos equipamentos para receber os eventos é, sem dúvida, uma dificuldade”, menciona Queiroz.

Fernando Fernandes disse que o Centro de Convenções (CentroSul), de Florianópolis, em Santa Catarina, é um exemplo de sucesso a ser seguido. O equipamento foi a primeira PPP do Brasil e conta, atualmente, com uma taxa de ocupação média de 272 dias. Somente em 2024, 730 mil congressistas passaram pelo espaço, que se especializou na realização de eventos científicos. Leonardo Vieira, diretor geral do CentroSul, avalia que a adoção do modelo para o CCN será fundamental para o desempenho do segmento no RN.

“Todo mundo quer vir para Natal, então, concorrer a um congresso com uma administração privada fará com que a cidade tenha grandes chances em relação a outros destinos por inúmeras outras razões: Natal tem carisma, possui uma rede hoteleira forte, uma gastronomia maravilhosa e dispõe de voos internacionais. Então, a PPP vai fazer uma diferença enorme para o destino”, analisa Leonardo Vieira.

Ele participou de uma mesa redonda mediada por George Costa, coordenador da Câmara Empresarial do Turismo (CET) da Fecomércio-RN. Para o coordenador, a abertura do PMI pelo Governo do Estado traz otimismo ao setor. “É uma notícia que nos deixa muito feliz. Com a PPP, o CCN vai se tornar um equipamento comercial, o que irá ajudar o Natal Convention Bureau na captação dos eventos, com fomento das empresas locais por conta da prestação de serviços que os congressos vão demandar”, opina George Costa.

Assista ao vídeo sobre o evento no Youtube da Tribuna do Norte:

Turismo de eventos como farol de desenvolvimento

Fábio Bentes, economista-sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), disse que o turismo de eventos pode ser um “farol para o desenvolvimento”, durante apresentação no Motores. Diante disso, Bentes destacou a importância das discussões em torno do tema. “É o setor que mais cresce, sendo o principal gerador de empregos e pagador de impostos. Portanto, o debate aqui é muito importante. O RN tem um potencial enorme e, em vários aspectos, diferente de outros estados. Outro ponto é que ainda há uma exploração tímida desse segmento, que é uma realidade do país inteiro”, explanou o economista.

Rodrigo Cordeiro, que também participou do Motores, afirma que o segmento movimenta desde a “base econômica até o ponto mais alto, a pirâmide”. E um dado que mostra a relevância do segmento é que, no período pós-pandemia houve um investimento anual de R$ 620,8 milhões em todo o País por parte de 108 entidades que representam o turismo. Os dados são da pesquisa Mercado de Eventos Associativos do Brasil, da plataforma Eventos Associativos, da qual ele é curador. “O RN tem vocações diversas que podem ser exploradas fortemente”, falou Cordeiro, que chamou a atenção para a necessidade de capacitação do segmento.

A presidente-executiva do Natal Convention Bureau, Jarbiana Costa, classificou a temática discutida como fundamental para fomentar o turismo de eventos da cidade. “O NCB está na captação, trazendo eventos para a cidade, mas esse ainda é um movimento silencioso. Então, o Motores colabora oferecendo ao tema a importância que ele merece”, declarou.

Sanclair Solon, secretário de Turismo de Natal, disse que o debate serviu para balizar os empresários e o poder público sobre as novidades da área. “Natal é um grande receptor de eventos, portanto, esse é um tema totalmente vinculado à cidade”, comentou.

Raoni Fernandes, diretor-presidente da Emprotur, falou que o Governo do Estado tem sido entusiasta do assunto.

“O RN não é só litoral, por isso, o governo tem conectado grandes eventos junto a companhias aéreas e operadoras nacionais para que nós possamos envelopar esse produto [turismo de eventos] e comercializá-lo para fora”, afirmou Raoni.

A secretária de Turismo do RN Marina Marinho, aponta que o perfil do turista de eventos dá uma ideia da relevância desse segmento para o destino. “Falamos de um segmento extremamente importante para trabalhar a sazonalidade do turismo de lazer. E nós já temos eventos agendados até 2030, com um público que gera muita riqueza, o que corrobora essa importância que eu já citei”, discorre.

Tribuna do Norte

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